Igor Morais
A cada ano aumenta em importância, para a economia, o resultado dos dissídios, processos trabalhistas e tudo que envolve a Justiça do Trabalho. Quer saber o motivo? Nunca na história desse País tivemos tantos processos trabalhistas. Em 2013, foram 3,6 milhões ou 1,8 mil por hora. O valor pago aos reclamantes também foi recorde, R$ 24 bilhões. Um valor suficiente para manter 1,5 milhão de pessoas empregadas durante todo ano. É mais que o programa Bolsa Família, é a possibilidade de gerar produção e aumentar a capacidade de crescimento do País. Paralelo a esse cenário, veio o recorde de gasto com seguro desemprego de R$ 44 bilhões. O custo obscuro do trabalho no Brasil soma R$ 68 bilhões/ano, o suficiente para manter 4 milhões de pessoas empregadas, produzindo carros, alimentos, construindo casas etc. Afinal de contas, o que está acontecendo com o Brasil? As empresas contratam, investem em benefícios sociais, treinamento, se adaptam às regras de segurança, são fiscalizadas constantemente, nos gabamos de dizer que a taxa de desemprego é a mais baixa da história e mesmo assim temos uma avalanche de problemas na Justiça do Trabalho, gastos exorbitantes com indenizações e seguro desemprego e uma geração de pessoas que não quer trabalhar. Sempre foi assim ou é uma tendência? No Plano Real, o número de processos cresce 2,5% ao ano. Mas não há relação entre essa e o PIB. Em vários anos os processos trabalhistas cresceram a taxas exorbitantes mesmo com a economia indo bem, como em 2003, 2005, 2007, 2009, 2011, 2012 e 2013. Isso mesmo, em sete dos últimos 11 anos tivemos crescimento dos processos bem acima do PIB. Em 2013, a taxa foi de 10,8%, a maior desde 1997, nada menos que um adicional de 1,4 mil processos por dia útil. Não foi sempre assim. Parece haver uma mudança de comportamento na sociedade brasileira a ponto de se criar uma indústria e um comércio de processos trabalhistas. Até quando iremos e quanto estamos dispostos a gastar para perceber que tem algo errado?
Fonte: Simecan