18/12/2020
Não haveria como ser diferente: o ano de 2020 está sendo e será para sempre um ano marcante.
E a sua singularidade derivou de uma pandemia que nos obrigou, enquanto indivíduos e coletividade, a refletir sobre a realidade e a entender melhor os limites das relações profissionais, das relações familiares e, até mesmo, a redefinir quais seriam de fato os objetivos da sociedade de uma forma geral.
A consequência? Uma aceleração no processo de construção de novas realidades.
As empresas, por exemplo, anteciparam etapas previstas para os próximos anos e construíram novas formas de trabalho, sobretudo por meio da consolidação do home office.
Já o mercado consolidou uma demanda reprimida das economias colaborativas e se mostrou, mais uma vez, dependente do aporte estatal com suas medidas anticíclicas nos momentos de rupturas econômicas.
O judiciário, por sua vez, caminhou para a digitalização irreversível dos processos e para a universalização da tecnologia nos seus expedientes, em especial nas novas audiências por vídeo.
E os governos, nos seus diversos níveis, foram submetidos ao crivo da responsabilidade diante de uma sociedade a cada dia mais ciente dos seus direitos e deveres e cada vez mais polarizada.
E todos, empresas, pessoas e instituições governamentais e não governamentais, puderam observar, a partir dessa nova realidade, que somente a empatia seria capaz de nos conduzir a um novo marco social.
A pandemia deixou uma enorme cicatriz no ano de 2020 e por isso os efeitos sociais e econômicos serão lembrados por vários anos até que a sociedade, de uma forma geral, consiga um dia superar os obstáculos apresentados.
Apesar disso, é preciso olhar para a frente e entender, a partir do que se passou, como podemos tornar nossas ações mais racionais.
Para os operadores do Direito, o ano foi particularmente intenso, cheio de desafios e de aprendizado.
Ficou muito evidente, a nós, profissionais do Direito, que as novas tecnologias serão úteis e necessárias, mas que elas nunca substituirão, por completo, algumas etapas dos processos gerencias que exigem o contato físico.
Da mesma forma, ficou evidente que o Direito, enquanto conjunto de regras formadoras do ordenamento jurídico, nunca foi tão essencial para assegurar a vida, as liberdades e a justiça social.
E isso demonstra que o dever jurídico está cada vez mais relacionado com o ambiente de negócios justamente porque existe uma necessidade premente de se estabelecer ações éticas dentro das atividades empresariais.
O universo corporativo, que já vinha caminhando para esse processo, deixará de ser um local exclusivo para geração de riquezas patrimoniais, tornando-se um instrumento para que possamos transformar o meio social.
E, para que isso ocorra, é preciso conhecer e respeitar as regras do jogo.
Eis, então, a grande lição do ano “vinte vinte” que ficou à nós, da ATF Law: o Direito pode ser a linha que conectará as dimensões sociais para construção de uma sociedade mais produtiva, saudável e justa.
Nessa linha, cabe-nos acreditar que a ciência nos fará superar as crises política, econômica e social criadas pela pandemia e quando esse embate sociedade versus vírus for vencido é preciso que estejamos prontos para um novo mundo, um ambiente em que se exigirá mais que resultados positivos, se exigirá, de todos, mais responsabilidade social.
A história nos ensina que períodos turbulentos nos permitem, de alguma forma, avançar enquanto indivíduos e enquanto sociedade.
Portanto, não podemos perder essa oportunidade para transformar o que ocorreu de negativo, nesse ano, em exemplo para melhorarmos os próximos tantos que nos esperam.
Que venha 2.021!
Texto de Me. William de Aguiar Toledo. Advogado. Sócio da Aguiar Toledo Advogados. Mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Doutorando em Direito pela Universidade Autônoma de Lisboa – UAL.
